FRANCISCO – O IRMÃO SEMPRE ALEGRE

 

(Por Tiago Ferro Pavan)

Peça apresentada no dia 17/10 (sábado) na comunidade Vila São Jorge – Siderópolis ás 19:30 horas, pelo grupo de teatro ARAUTOS.

 

-

LEMBRANÇAS

clip_image002

-

PEREGRINO - Assis, cidade encantadora!

FRADE - Amigo peregrino, há quanto tempo!

PEREGRINO - Bendito de Deus...

FRADE - Há quanto tempo não te vejo Peregrino.

PEREGRINO - Sabe que quando eu venho a essa maravilhosa cidade enche a minha alma e meu coração da lembrança de São Francisco de Assis.

FRADE - É verdade irmão Peregrino, ainda posso ouvir seus passos ecoando nos bosques e ruas da cidade.

PEREGRINO - Homem, homem que o mundo não mereceu... Opa! Isso me lembra uma maravilhosa história.

- UMA HISTÓRIA!!! (os dois)

PEREGRINO – Francisco de Assis, um santo triste vencido em dor…

FRADE – É essa a imagem que você tem de Francisco de Assis?

PEREGRINO – Então tire-a de seu coração, pois ela impede que você o veja como ele realmete foi… um servo de Deus, humilde e Feliz!

FRADE – Veja como o definiu Tomás de Celano…

-

I – MONÓLOGO (APRESENTAÇÃO)

clip_image002[1]

Como era bonito, atraente e de aspecto glorioso na inocência de sua vida, na simplicidade das palavras, na pureza do coração, no amor de Deus, na caridade fraterna, na obediência ardorosa, no trato afetuoso, no aspecto angelical!

Tinha maneiras simples, era sereno por natureza e de trato amável, muito oportuno quando dava conselhos, sempre fiel a suas obrigações, prudente nos julgamentos, eficiente no trabalho e em tudo cheio de elegância.

Sereno na inteligência, delicado, sóbrio, contemplativo, constante na oração e fervoroso em todas as coisas.

Firme nas resoluções, equilibrado, perseverante e sempre o mesmo.

Rápido para perdoar e demorado para se irar, tinha a inteligência pronta, uma memória luminosa, era sutil ao falar, sério em suas ações e sempre simples.

Era rigoroso consigo mesmo, paciente com os outros, discreto com todos.

Muito eloqüente, tinha o rosto alegre e o aspecto bondoso, era diligente e incapaz de ser arrogante.

E como era muito humilde, mostrava toda a mansidão para com todas as pessoas, adaptando-se a todos com facilidade.

Embora fosse o mais santo de todos, sabia estar entre os pecadores como se fosse um deles.

 

- Ahh Francisco, o mundo tem saudades de ti…

-

A “PERFEITA ALEGRIA”

clip_image003

 

(Inverno rigoroso, Francisco e Leão caminham em direção a Santa Maria dos Anjos)

FREI LEÃO – Mas como faz frio irmão Francisco…

FRANCISCO – Mantenha a calma Frei Leão, logo estaremos chegando a igreja de Santa Maria dos Anjos, até lá suportaremos o frio de nosso sempre amigo irmão inverno.

FRANCISCO – Enquanto isso Irmão Leão, o que você me responderia se eu lhe perguntasse no que se trata a “perfeita alegria”.

FREI LEÃO – (com ar interrogativo e curioso, demonstra imediato interesse). Ora Frei Francisco, eu não saberia lhe responder.

FRANCISCO – (com seu jeito alegre, poético, brincalhão) vou primeiro, lhe falar sobre o que poderia ser considerado “alegria perfeita”, mas não é!

FRANCISCO - Escreve aí, ó irmão Leão, “ovelhinha de Deus”: Ainda que o frade menor desse grande exemplo de santidade. Que desse vista aos cegos, curasse paralíticos, expulsasse os demônios e ressuscitasse mortos de quatro dias, escreve que nisso não está a “perfeita alegria”.

(E andando um pouco mais, Francisco continuou: )

FRANCISCO - Ó irmão Leão, se o frade menor soubesse muitas línguas e ciências; falasse com língua de anjo; conhecesse o curso dos astros e estrelas e a força de cura das ervas, escreve que não esta nisso a “perfeita alegria”.

(Frei Leão estava cada vez mais encucado e ansioso para saber aonde Francisco ia chegar.)

FRANCISCO - Ó irmão Leão, se o frade menor soubesse profetizar, fazer prodígios pregar tão bem que convertesse todos os infiéis à fé cristã; se todos os sábios e reis da terra se tornassem frades menores, escreve: não esta nisso a “perfeita alegria”.

FREI LEÃO - Mamma mia! Onde está afinal a “perfeita alegria” irmão Francisco?

(Chegam a Santa Maria dos Anjos inteiramente molhados e tremendo de frio, aflitos de fome, e batem à porta do convento e o irmão porteiro chega irritado e disse)

FRADE - Quem são vocês?

FRANCISCO - Somos dois dos vossos irmãos.

FRADE - Não dizem a verdade; são dois vagabundos que andam enganando o mundo e roubando as esmolas dos pobres; fora daqui!

(Frade sai e Francisco e Leão ficam espantados, voltam a chamar)

LEÃO – Este é irmão Francisco você não o esta reconhecendo?

FRADE – Certo, certo, e eu sou o Papa, vamos, fora daqui...

(Frade sai, Francisco e Leão caem em gargalhadas, voltam a chamar)

FRADE - Fora daqui, ladrõezinhos, aqui ninguém lhes dará comida nem cama!

(Começa a chuta-los e bater neles com um pedaço de pau)

FRANCISCO - Irmão Leão, se ele não nos abre a porta e nos deixa ao relento na chuva, no frio e com fome até a noite, e se nós suportarmos tal injúria e tal crueldade, tantos maus-tratos, sem nos perturbarmos e sem murmurarmos contra ele, se suportarmos isso com paciência e alegria e de bom coração, ó irmão Leão, escreve que nisso está a perfeita alegria.

- E se mesmo apanhando e sendo enxotados, nós suportarmos todas essas coisas pacientemente e com alegria, pensando nos sofrimentos de Cristo, ó irmão Leão, escreve que aí esta a "perfeita alegria".

- Acima de todas as graças e dons do Espírito Santo, ó irmão Leão, está o de vencer-se a si mesmo; e por amor suportar injúrias e desprezos. É a alegria que brota da imitação do Cristo pobre e crucificado, porque de todos os outros dons de Deus não nos podemos gloriar por não serem nossos, mas de Deus.

-

II – MONÓLOGO (O LEPROSO)

clip_image002[2]

-

(Entra um homem expulsando o leproso batendo com um rastel nele e xingando, o leproso cai no chão pedindo piedade, o homem se retira, entra Francisco o observa, aos poucos se aproxima, o abraça e o beija, Francisco se retira e inicia a fala do leproso)

-

Sentado, Sozinho, largado

Feridas no corpo e nada nas mãos.

Sentado, Sozinho, largado

Na calçada, na rua, na escuridão

Eu vejo o passar das pessoas

Sapatos, sacolas e preocupação

Eu vejo o passar das pessoas

Em seus rostos a pressa, a Ira e a Corrupção.

Mas chegou um homem bem perto de mim,

Vestia no corpo um manto marrom.

Chegou ainda mais perto de mim

Me deu um abraço, um beijo e o seu pedaço de pão

Eu quero ser mais santo

Um santo como Francisco de Assis

Eu quero ser mais santo

Pobre, casto, humilde e feliz.

-

DIVINA PROVIDÊNCIA

clip_image002[2]

 

(Francisco e Bernardo foram a uma cidade pedir esmolas. Cansados e atormentados pela fome, Francisco propôs ao companheiro:)

FRANCISCO - Bernardo, ó caríssimo, vamos recolher as esmolas pedidas pelo amor de Deus, e após recolhermos toda, nos encontraremos aqui novamente.

(Tudo combinado, alegremente, separaram-se. Frei Bernardo, tomado pelo cansaço e pela fome, nada guardou porque comia os pedaços de pão que a boa gente lhe dava. Voltando ao lugar combinado, Francisco radiante de felicidade foi mostrando o fruto da esmola colhida, dizendo-lhe:)

FRANCISCO - Grande irmão meu, esta foi a esmola que me deu a divina providência. Mostra-me, agora, o que recebeste. Depois a comeremos em nome de Deus.

(Frei Bernardo, todo envergonhado, prostrou-se aos pés de Francisco dizendo:)

FREI BERNARDO - Santo pai, confesso meu pecado. Nada guardei comigo das esmolas recebidas. Comi tudo o que me deram, por estar morto de fome.

(Francisco, ouvindo, chorava de alegria e, abraçando a Bernardo, exclamou:)

FRANCISCO - Ó filho dulcíssimo, certamente és mais bem-aventurado do que eu; és um perfeito observador do Evangelho, porque nada ajuntaste e nada guardaste para amanhã, e todo o teu pensamento puseste no Senhor.

-

III – MONÓLOGO (CLARA DE ASSIS)

clip_image002[4]

-

(Entra Clara sozinha, desnorteada, Francisco entra a observa a rodeia e começam uma dança, Francisco se retira e a cena prossegue:)

-

Quando o conheci soube imediatamente que era isso precisamente o que o que eu almejava. Já não estava satisfeita com os esplendores do palácio de minha família, nem com o sonho do futuro enlace principesco ao qual meus pais me estavam encaminhando. Sonhava com uma vida mais cheia de sentido, que me trouxesse uma verdadeira felicidade e realização. O estilo de vida do qual ele me mostrara e por cada vez mais e mais me atraía e me encantava.

Em várias oportunidades ouvi ele (Francisco) pregar e com ele me aconselhei sobre a decisão de abandonar o mundo e consagrar-me totalmente a Deus na oração, na penitência e no serviço dos irmãos.

E foi assim que decidi largar toda a segurança familiar, social e jogar-me nos braços de Deus, seguindo o exemplo de vida de meu amigo Francisco.

-

IDE SEM OLHAR PARA TRÁS

clip_image002[5]

-

FRADE - Irmão Francisco, que caminho deveremos tomar?

FRANCISCO - Mas como poderemos conhecer a vontade de Deus?

FRANCISCO – Ordeno-lhes que em nome da santa obediência, comecem a girar em torno de si mesmo nesta encruzilhada, como fazem as crianças em suas brincadeiras.

(Um tanto sem graça mas obedientes, os frades rodopiam diversas vezes, caem de vertigem, levantam-se e rodopiam de novo até que Francisco lhes diz:)

FRANCISCO - Parem e não se mexam mais!

(Meio zonzos, os frades param)

FRANCISCO – Para onde esta virada a cabeça de vocês será a direção em que deverão tomar. Ide sem olhar para trás, ide e levar a paz de Jesus Cristo!

(Os frades saem cada um para uma direção, pulando de alegria e exultando ao Senhor)

-

- FIM -

 

TRILHA SONORA:

 

1ª Cena (Lembranças) = Música: Green Sleeves

2ª Cena (Apresentação) = Música: Ave Maria (Instrumental)

3ª Cena (Perfeita Alegria) = Música: (Sem música)

4ª Cena (Leproso) = Música: Alone

5ª Cena (Divina Providência) = Música: Despojamento

6ª Cena (Clara de Assis) = Música: Doce é Sentir

7ª Cena (Ide sem olhar para trás) = Música: A paz de Jesus Cristo

1 comentários:

Parceiro:

Vale a pena conferir:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

-----------------------------------------

Missa das Crianças